- Diabetes
- 29/03/2023
Cirurgia metabólica é alternativa para tratar diabetes tipo 2
Relacionada à obesidade, o diabetes atinge mais 32 milhões de adultos na América do Sul, segundo a IDF, sendo o diabetes tipo 2 responsável por cerca de 90% de todas as pessoas com diabetes no mundo
Considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos problemas de saúde mais graves da atualidade, a obesidade atinge cada vez mais pessoas no mundo. Em 2025, a estimativa é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do globo estejam acima do peso e 700 milhões de pessoas com obesidade. No Brasil, essa doença crônica aumentou 72% nos últimos treze anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019.
Segundo o médico cirurgião bariátrico e metabólico, Paulo Reis, a obesidade é uma doença que faz com que o intestino absorva muito mais do que o paciente come, por isso, não está relacionada apenas à má alimentação e ao sedentarismo. “Estudos mostram que as células de gordura que ficam abaixo da pele não são só reserva de energia, mas também produtoras de hormônios que levam à inflamação do organismo como um todo”, revela.
O médico explica que o acúmulo de gordura corporal é um dos problemas mais graves e um dos principais fatores de risco para outras enfermidades, como o diabetes. Dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF) mostram que 537 milhões de adultos vivem com a doença atualmente, sendo que 374 milhões têm intolerância à glicose, colocando-os em alto risco de desenvolver diabetes tipo 2.
Mas um estudo publicado recentemente pela revista científica The Lancet revelou que procedimentos cirúrgicos para tratamento de obesidade podem promover o controle ou até remissão de doenças relacionadas, como o diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares e até mesmo certos tipos de câncer. Desse modo, a cirurgia metabólica é uma alternativa para o controle do diabetes aliada à perda de peso.
Cirurgia metabólica
Popularmente conhecida como cirurgia para diabetes tipo 2, a cirurgia metabólica é indicada para pessoas diabéticas que tenham o IMC igual ou superior a 30. Esse procedimento é realizado no tubo digestivo, com a finalidade de controlar o diabetes do tipo 2, com ou sem medicação, através de mecanismos independentes da perda de peso, e também secundariamente por perda de peso.
A cirurgia metabólica auxilia no controle da glicemia, lipídios e pressão arterial, diferente da bariátrica, que visa principalmente a perda de peso. O procedimento é indicado para pacientes com IMC (Índice de Massa Corporal) de 30 a 34, mas em casos de pré-diabetes, hipertensão, apneia do sono, esteatose hepática (gordura no fígado), pessoas com IMC de 35 também podem ser submetidas ao tratamento cirúrgico, sendo que o cálculo é feito com o número do peso/altura ao quadrado.
O cirurgião Paulo Reis destaca que é fundamental passar pela avaliação com o especialista e realizar exames para investigar para confirmar se o paciente está apto para o procedimento, que só deve ser realizado em pessoas de 30 a 70 anos.
Na maioria dos casos, a cirurgia metabólica pode ser feita por bypass gástrico com reconstrução em Y-de-Roux (BGYR), conhecido também como gastroplastia com desvio intestinal em “Y de Roux”. “Nesse caso, ocorre o grampeamento de parte do estômago para a redução do espaço para o alimento, e um desvio do intestino inicial, gerando o aumento de hormônios que dão saciedade e diminuem a fome. Isso leva ao emagrecimento e ao controle da diabetes”, explica o médico.
Quando há contraindicação para a realização da BGYR, a gastrectomia vertical (GV) é uma opção. Conhecido também como cirurgia de Sleeve ou gastrectomia em manga de camisa, esse procedimento é considerado restritivo e metabólico e nele o estômago é transformado em um tubo, com capacidade de 80 a 100 mililitros (ml). “Essa intervenção também provoca uma boa perda de peso, comparável à do by-pass gástrico e maior que a proporcionada pela banda gástrica ajustável”, observa Paulo Reis.